17 de maio de 2005

Os menores e maiores equipamentos

Nas fotos que ilustram esta reportagem podem ser observadas a maior e a menor engrenagem existentes no mundo. Imensa, a escavadeira rotativa construída pela empresa alemã Krupp para operar em uma mina de carvão tem 215 metros de comprimento e 95 metros de altura. É a maior máquina desse tipo já construída. Em comparação, a menor engrenagem já feita foi esculpida em silício e tem espessura equivalente a 1/100 000 de um fio de cabelo. Neste início do século XXI, a ciência derrubou as fronteiras das dimensões do que pode ser fabricado. Uma particularidade da superescavadeira é a capacidade de se mover com motor próprio. O peso descomunal de 45.500 toneladas é sustentado por doze lagartas – oito na parte dianteira da máquina e quatro na traseira. A razão para dotar de capacidade de locomoção uma estrutura gigantesca é econômica: fica mais barato removê-la de um lado para outro do que construí-la ou remontá-la no local da operação. A máquina levou cinco anos para ser fabricada. Outros cinco anos foram gastos apenas em sua montagem. Surpreendentemente, são necessárias apenas cinco pessoas para operar esse gigante.

Na outra ponta dos avanços científicos está a nanotecnologia, a nascente indústria de microrrobôs que vem revolucionando áreas como a computação, as telecomunicações e a medicina. Nesse ramo da ciência, que manipula a matéria em níveis atômicos e moleculares, a medida das coisas é o nanômetro, que equivale a 1 bilionésimo de 1 metro. Para se ter uma idéia do que isso significa, um vírus, visível apenas no microscópio, mede 100 nanômetros de comprimento. Essa nova tecnologia permitiu a construção da menor das engrenagens, um semicondutor que fica fluorescente quando recebe radiação. Sua utilização primária seria para diagnóstico médico, pois ele pode ser monitorado dentro do corpo humano. Outra utilidade potencial das nanopartículas na medicina é conduzir medicamentos diretamente ao órgão que realmente precisa deles, evitando os efeitos colaterais causados pelas drogas.

Apesar de a maioria das inovações ainda não ter saído dos laboratórios, o campo de aplicação de dispositivos nanotecnológicos é virtualmente infinito. Qualquer coisa que envolva energia, materiais e biologia poderá se beneficiar com os avanços dessa nova tecnologia. Manipulando átomo por átomo, será possível desenvolver metais e plásticos mais resistentes para a engenharia e combustíveis melhores para os carros. Esses materiais também produzirão menos resíduos, diminuindo a emissão de dióxido de carbono e reduzindo o aquecimento global que ameaça o planeta. Especialistas prevêem que em dez anos toda a indústria de semicondutores e metade da indústria de remédios dependerão da nanotecnologia para sobreviver.
Nanoengranagem




Fonte:

Os limites da máquina.
Tecnologia. Veja Edição 1881
24 de novembro de 2004

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